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Plano Marshall e tempos de guerra
segunda-feira, 30 março 2020

Plano Marshall e tempos de guerra

Basta lermos algumas notícias, aliás, basta termos o nosso televisor ligado para que a expressão «plano Marshall» entre pelas nossas casas adentro. «Bastonário dos médicos defende "plano Marshall" para processos pendentes», «Chamem-lhe Plano Marshall ou von der Leyen, não importa o nome. A Europa tem de ter um grande projeto de recuperação económica isso tem de ter» e «Pedro Sánchez pede novo plano Marshall à UE» são alguns exemplos da expressão em uso.

A pandemia, avaliam os especialistas e até já nós próprios, terá impactos económicos semelhantes aos de uma grande guerra. Eu, felizmente, nunca vivi uma grande guerra (alto! acho que vou reformular!). Eu, infelizmente, sinto-me, tal como todos nós, num estado de guerra. Não ouço o toque de recolher, mas já estou recolhida; não ouço armas a disparar, mas já sinto os estilhaços; não ouço os tanques a passar, mas esse maldito vírus já está a tentar derrubar-me. Tempos difíceis estes, tempos de guerra. E é assim que esses tantos, esses a quem muito devemos e que estão na linha da frente, vão empregando este e outros termos relacionados com a guerra. O estado é de emergência. Os profissionais de saúde na linha da frente são os nossos heróis que combatem incansavelmente o inimigo, e, mais do que nunca, unem-se vozes clamando por um novo plano Marshall. São, de facto, tempos de guerra. Na altura de dar colo uns aos outros, é o isolamento que se impõe. A batalha do medo, ansiedade, incerteza é travada, mas a guerra, essa lutavenceremos nós! O que não nos mata torna-nos mais fortes. É duro ouvir este ditado, mas é real e está a acontecer.

Recordemos, então, o que foi o Plano Marshall. Foi uma medida de apoio dos Estados Unidos aos países europeus que haviam sido destruídos durante a Segunda Guerra Mundial, para a reconstrução dos países aliados da Europa. O resultado foi um forte crescimento económico. Pede-se agora um novo plano Marshall. Do que se trata? Talvez ainda não seja capaz de o definir na íntegra (gostava de o ver criado, isso sim), mas passará, com muita certeza, por um programa comum de recuperação europeia para que a economia dos países afetados pela pandemia da covid-19 recupere.

Já alguém o disse, eu repito: «Primeiro, é preciso vencer a guerra», e, então, depois, venha daí esse plano Marshall, ou, como disse o nosso primeiro-ministro, o que lhe venham a chamar.

 E assim o conceito ressurge. E assim se reinventa a língua.

Não percamos a esperança. O mundo pode não voltar a ser o que era, mas pode ser um lugar muito melhor. No meio da crise, encontro gestos, atitudes, comportamentos e ações que devem substistir muito além destes tempos difíceis e em que, para nosso bem, temos de estar distantes. Confiemos.

Ana Salgado

Títulos das notícias retirados de:

https://www.rtp.pt/noticias/saude/bastonario-dos-medicos-defende-plano-marshall-para-processos-pendentes_a1181074

https://expresso.pt/politica/2020-03-23-Nao-ha-boias-que-ajudem-a-economia-neste-tsunami.-Que-venha-um-plano-Marshall-ou-von-der-Leyen-defende-Costa

https://expresso.pt/coronavirus/2020-03-22-Pedro-Sanchez-pede-novo-plano-Marshall-a-UE

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